A INCUMBÊNCIA
Nasci com proposta de
incumbência
Na vida e no tempo
passageiro
Com apelos de emoção e
de inteligência
Entregando-me sempre
por inteiro
Escalar até ao cimo da
montanha
Burilar toda a sua
aspereza
Gozar o encanto que de
lá se entranha
Soltar todos os sonhos
com leveza
Não levar o rio da foz
a nascente
Marcar a vida com
forte sulco
Tempo em que tudo é
evanescente
Incumbente tenho uma
missão
Descobrir o destino em
mim oculto
Como desafio basta,
NÃO dizer NÃO
Como escrevi este poema.
Num Domingo já há algum tempo, no programa da RTP2 Câmara
Clara foi entrevistada a cantora Cabo-Verdiana Sara Tavares, de quem gosto
muito não só como cantora mas também como mulher cidadã do mundo. Nessa
entrevista ela considerou que tinha uma espécie de incumbência, e que a queria
realizar para se sentir de bem consigo própria e com as suas origens, não
recusava nada daquilo que tinha adquirido enquanto cidadã de Portugal e da
Europa sentia-se com muito orgulho lisboeta, mas devia isso a ela mesma e às
suas origens, no fim da entrevista já eu tinha rabiscado na ponta de um jornal
praticamente tudo isto, e cá esta. Espero que gostem
Gostei especialmente do último verso.
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